quinta-feira, 4 de março de 2010

Prefeitura mobiliza tropa contra estaleiro no Serviluz

Prefeitura mobiliza tropa contra estaleiro no Serviluz

O Povo - Fortaleza, 1 de março de 2010 Caderno: Política Coluna: Pág. 14

Prefeitura mobiliza tropa contra estaleiro no Serviluz
Seminário para que a comunidade do Serviluz apresentasse suas demandas acabou servindo
para que a Prefeitura usasse seus argumentos contra o estaleiro no local

Giselle Dutra
Era para ser a manifestação dos moradores sobre as demandas do Serviluz, mas acabou se transformando em debate sobre a construção do estaleiro no local, apoiada pelo Governo do Estado. A Prefeitura de Fortaleza, que é contra o empreendimento, reagiu às articulações dos setores favoráveis à obra para persuadir os moradores da área e mandou uma tropa para convencer a população de que o equipamento é prejudicial.
Durante o seminário ``O Serviluz que queremos``, ocorrido no último sábado, o coordenador de Planejamento da Secretaria do Planejamento de Fortaleza, José Meneleu, buscou desfazer o argumento dos 1,2 mil empregos a serem gerados com o estaleiro. Ele alegou que a cidade produziu 118 mil empregos formais de 2005 a 2008, ``sem o estaleiro``. -Turismo, lazer, cultura, educação e comércio são os grandes geradores de emprego em Fortaleza. Esse argumento é no mínimo inconsequente``.
Já o líder da prefeita Luizianne Lins na Câmara Municipal, Acrísio Sena (PT), rechaçou a tese de que o projeto da Prefeitura - chamado Aldeia da Praia - é compatível com o estaleiro, como foi levantado pela ala favorável à obra. ``Poderia se dizer que é uma mistura heterogênea: água e óleo. Não se misturam``.
O vereador defendeu que o Porto do Pecém tem condições técnicas para abrigar o equipamento. ``A discussão é que seria a impossibilidade econômica da empresa instalar
lá``.
Já o secretário do Meio Ambiente do Município, Deodato Ramalho, afirmou que não há licença ambiental para o projeto. No entanto, disse caber ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) conceder tal permissão.
Representante do Movimento dos Conselhos Populares (MCP), do Serviluz, Lucimeire Calandrini, negou que o debate fosse sobre o estaleiro, mas reconheceu que o assunto tem sido o ``foco`` no local.
Salmito
Munido de um mapa com a delimitação das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), Acrísio ironizou as palavras do presidente da Câmara, Salmito Filho (PT), de que o Titanzinho não configura uma Zeis - área exclusiva para regularização fundiária, construção de moradias e equipamentos sociais. ``Não daria para a gente botar o mar como Zeis. Até porque só está sendo habitado pelos peixes``, provocou Acrísio.
Opositor da prefeita, o vereador João Alfredo (Psol), também reclamou do ``peso da pressão`` de Salmito. ``Mas para se construir o estaleiro aqui, tem de se mudar o Plano Diretor``.

E-MAIS

O coordenador de Planejamento do Município, José Meneleu, apresentou, no último sábado, a proposta da Prefeitura para o conselho gestor do Serviluz e adiantou que há um projeto que começou a tramitar na Câmara Municipal que desmembra o bairro Cais do Porto - que engloba o Serviluz. Seriam dois bairros: o Cais do Porto e o Serviluz.
Amanhã, haverá audiência pública à tarde para debater o impasse da construção do estaleiro. Pela manhã, o projeto da Prefeitura para a área será apresentado aos vereadores.
Apesar de os movimentos populares do Serviluz se posicionarem contra a construção do Estaleiro, a população se mostra dividida. Do lado de fora da sala onde o debate ocorria, moradores da área discutiam benefícios e malefícios do projeto do Governo do Estado. ``A Prefeitura é contra, mas não apresenta o projeto``, dizia uma moradora. Outra senhora reagiu quando Deodato Ramalho afirmou que já existem recursos assegurados para o projeto Aldeia da Praia. ``Se tivesse feito a obra na orla no primeiro mandato, a gente não estaria nesse aperreio``.
Fonte: Jornal O POVO
Enviada por: Sabrina Mourão

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