quarta-feira, 14 de março de 2012

Fabricantes de desertos
 
 
Artigo de José Renato Nalini.
A lástima da revogação do Código Florestal é um sintoma da enfermidade que acometeu o mundo. A cupidez fez o homem se esquecer de que sem uma relação saudável com a natureza, ele rompe as quatro esferas de relacionamento que permitem a vida equilibrada. Ele precisa estar bem consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com Deus, ou o que ele coloque no lugar da divindade. Alain de Boton, o evangelista ateu quer construir um templo em Paris, devotado ao nada. E tem adeptos! Sinais do Apocalipse? Falando em Apocalipse, os Evangelhos muitas vezes nos comparam a árvores. Se Jesus é a videira, nós somos os ramos. Sem água não haverá seiva e tudo morrerá. Mas depois de dois mil anos de Cristianismo, não aprendemos a extrair das Sagradas Escrituras a sua sapiência. Não é por falta de apelos. Em Jeremias, 17.7,8, lemos que o homem que confia no Senhor será como a árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes para o ribeiro e não receia o calor. Sua folha fica verde e na seca, não se afadiga.
A árvore ganha nome em outros textos: amendoeira (Nm, 17.8 e Ec.12.5), Acácia (Ex. 36.20), Aloés (Sl 45.8), Amoreira (2Sm 5.23), Carvalho (IRs 13,24), Cedro do Líbano (Is 40.6), Cipreste (Is 44.14), Figueira (Jz 9.20), Macieira (Ct.2.3), Murta (Is 41.9), Oliveira (Sl 58.8), Olmeiro (Dt 34.3), Palmeira (Dt.34.3), Romeira (1Sm 14.2), Salgueiro (Lv 23.4), Sicômoro (1Rs 10.27), Terebinto (Is 6.13) e Zimbro (1Rs, 19.4).
Tive a ventura de conhecer o Horto das Oliveiras, em Jerusalém, onde ainda se encontram os troncos daquelas árvores que viram Jesus orar, transpirar e chorar. Quando a humanidade não as destrói, elas permanecem. São testemunhas da História e da maldade que esta espécie, a única a se autodenominar “racional”, pode perpetrar. Qual a glória em destruir a vegetação, cuja perenidade permite a existência da vida? Esta aventura que, para nós, se resume – quando muito – há algumas décadas. E nada mais! Triste homem o que prefere ser um fabricante de desertos a ser um guardião da vida!
José Renato Nalini é Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo, biênio 2012/2013.
(As opiniões dos artigos publicados no site Observatório Eco são de responsabilidade de seus autores.)

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